Comportamento animal / Que sabe a ciencia
Antes se cria que reagiam por reflexos; hoje se sabe que sentem emoções e que têm efeitos benéficos sobre seus donos
Fabiola Czubaj A NACION
| Alguma vez se lhe cruzou pela cabeça que sua mascote é tão inteligente que só lhe faltaria falar? E que sua companhia pode fazer muito por sua saúde física e mental? Basta com ir a uma vaga temporão pela manhã para ver como os donos lhes falam a seus cachorros, um aposentado é bem-vindo por uma bandada de pombas, ou uma vizinha "mascotera" recebe mostras de afeto dos mais de dez gatos. Nos últimos 15 anos, cientistas de todo mundo estabeleceram que os animais têm um valor terapêutico. Em Cambridge, Inglaterra, descobriram que um mês depois de "adotar" um gato ou um cachorro o dono sente uma "significativa" redução em padecimentos menores. O Instituto de Investigações Baker, de Melbourne, Austrália, mostrou que os benefícios para a saúde são ainda mais importantes. Um estudo em 6000 pacientes revelou que os que tingiam mascotes tinham menor pressão sanguínea, menores níveis de colesterol e menor risco de ataque cardíaco. Faz uma década, as emoções e capacidades cognitivas que costumamos atribuir-lhes a nossas mascotes teriam causado riso entre os estudiosos do comportamento animal. Mas este ano, os etólogos mais reconhecidos do mundo se reuniram em Hungria para reivindicar, de alguma maneira, essa percepção popular. ¡Guau! ¡Miau! "Antes, os cientistas se referiam aos animais como máquinas de reflexos que só reagiam aos estímulos de seu meio. Hoje sabemos que seu cérebro é muito parecido ao nosso quanto a suas estruturas internas, mas na maioria dos casos é bem mais pequeno. Por isso, as emoções e os sentimentos são frequentes no reino animal, ainda que existe uma grande diferença entre nós e eles", explicou à NACION o doutor Vilmos Csanyi, membro da Academia Húngara de Ciências, que participou especialmente convidado nesse primeiro Foro de Ciência Canina. Por via eletrônica desde Budapeste, o autor de 24 livros sobre comportamento animal e mais de 200 trabalhos publicados explicou: "Quando um animal lhe tem medo a algo, tem uma sensação real. Se um ser humano sente o mesmo, elabora essa sensação e a transforma numa estrutura grande e complexa (como a idéia do mal) que lhe produz ansiedade. Os animais têm uma imaginação muito limitada, mas têm sentimentos. As mascotes pensam em imagens; nós o fazemos em imagens e idéias. Essa é a grande diferença". Durante a reunião em Budapeste, mais de 200 etólogos concluíram do que os cachorros, por exemplo, têm certo sentido do bem e o mau que lhes permite "negociar" no meio social humano. O fato de que um cachorro não "confunda" o jogo com a luta, por exemplo, é um signo de que os animais de companhia cumprem regras e espera o mesmo dos demais, como o demonstrou o biólogo Marc Beckoff, da Universidade de Colorado, nos EE.UU. A doutora Akiko Takaoka, da Universidade de Kyoto, em Japão, foi além ao afirmar do que as mascotes não só se podem comunicar conosco através da linguagem corporal e gestual, senão que também podem distinguir características próprias do fala, como o tom, e até se a voz pertence a um homem ou a uma mulher. "As habilidades cognitivas dos animais se correspondem com seu meio e os problemas que devem resolver. Nosso meio social e interações com outros seres humanos são mais complexos, e por isso temos habilidades cognitivas mais sofisticadas", precisou Csanyi, professor emérito e fundador do Departamento de Etología da Universidade Eötvös Loránd. A diferença do ser humano, disse, a maioria dos animais possuem capacidades especiais para enfrentar problemas específicos e não podem fazer generalizações. Ao mesmo tempo, entre os animais, há matizes que os diferenciam: "O entendimento social dos cachorros é altamente sofisticada porque seu meio é o do ser humano -assinalou o autor de Se os cachorros pudessem falar -. Sentem empatia para nós; compreendem e aceitam regras simples; podem-nos imitar e até podem cooperar conosco". |







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