DESDE O BERÇO

Pais pouco comunicados com seus filhos
É fundamental estabelecer uma boa conexão
Os especialistas advertem sobre a falta de comunicação com os bebes; esta é clave para o desenvolvimento dos vínculos e da linguagem
Jane E. Brody
The New York Times
Fuente: LA NACIÓN
Imagen: Peter Barrett

---

Faz pouco me detive a felicitar a uma jovem mãe que levava a seu filho em cochecito. A mulher tinha estado falando a sua filha que mal falava, ao longo de toda a quadra e lhe assinalava as coisas que viam, fazia-lhe perguntas, como "que cor são essas flores?", e lhe contava o que iam fazer quando chegassem ao parque.

Não é habitual que isto suceda em meu bairro, disse-lhe.

Muito com freqüência, as mães e niñeras que vejo estão com seus celulares, as BlackBerry e os iPod, e não com os meninos. Não existiam tais distrações quando meu esposo e eu passávamos o tempo com nossos bebes, meninos pequenos e pré-escolares. Ao igual que essa jovem mãe, falávamos-lhes. Líamos-lhes e cantávamos com eles. E muito antes de que falassem, imitávamos seus sons e lhes comunicávamos que os escutávamos e lhes respondíamos.

Não sou a única alarmada pela moderna conduta dos pais.


Randi Jacoby, especialista em fala e linguagem de Nova York, recentemente me disse numa mensagem por correio eletrônico: "Os pais deixaram de comunicar-se com os meninos pequenos, o que faz que se perca também o contato visual, a expressão facial e, sobretudo, o feedback [retroalimentação], que é essencial para o desenvolvimento temporão da comunicação.

Os meninos pequenos requerem tempo e um feedback individual enquanto lutam por formular palavras para elaborar sua linguagem e suas habilidades cognitivas. As destrezas básicas não se estão ensinando com o exemplo, e a sociedade cai presa da resposta rápida à que a geração do computador se acostumou.

Seria necessário recordar aos pais a importância de seu modelo comunicativo. Por suposto, não todos os pais estão habitualmente desconectados de seus meninos pequenos. Dois de minhas amigas que têm ao redor de 30 anos e que têm meninos pequenos, falam-lhes e conversam com eles continuamente.


O conselho de Jacoby aos pais: Recompense as tentativas de comunicação de seu pequeno prestando maior atendimento ao que diga. Esteja pronto para deixar seu celular e olhe ao menino diretamente aos olhos quando compartilha seus pensamentos com você".

A comunicação começa quanto o menino nasce. A maneira em que se toca, sustenta e mira ao bebe e como se lhe fala o ajuda a aprender sua linguagem, e as diferentes maneiras em que chora ajuda aos pais a aprender sua linguagem: "estou molhado", "tenho fome", estou cansado", "me dói", "estou abrumado", e assim sucessivamente.

Fale com seu bebe sempre que tenha a oportunidade, aconselha aos pais a Associação Médica Norteamericana.

Ainda que não entenda o que se lhe diz, sua voz acalma e tranqüilizadora é o que precisa para sentir-se seguro. Sempre responda ao pranto de seu recém nascido, não se o malcría por prestar-lhe demasiado atendimento.

A Associação Norte-americana do Fala, Linguagem e Ouvido alenta aos pais para que redobrem seus esforços de comunicação olhando ao bebe e imitando suas vocalizações, riso e expressões faciais
Fale-lhe quando faz isto", sugere a associação. "Conte-lhe aonde vão ir, o que vão fazer quando cheguem aí, e a quem e daí vão ver." Um poderia dizer coisas, como: "Agora vamos pôr-te as médias", "vamos ir no auto a ver à avó" ou, "quando cheguemos à vaga, vou-te a hamacar".

E nunca é demasiado temporão para apresentar-lhes os livros. Recordação a minha sobrinha, que, aos 3 meses, se embelesaba quando sua mãe lhe "lia" um livro de desenhos e lhe assinalava objetos, comentava-lhe sobre as cores e o que faziam os diferentes personagens.

É o mesmo com os meninos pequenos. Conselho dos experientes em fala: "Fale-lhe enquanto faz algo e vai a algum lugar. Quando o leva em cochecito, por exemplo, assinale-lhe os objetos familiares e diga seus nomes. Use uma linguagem simples, mas com estrutura gramatical. Amplie com outras palavras. Por exemplo, se o menino diz "auto" responda-lhe: "Sim, esse é um auto grande e vermelho".

Não falam, mas compreendem
Recorde que os meninos que ainda não falam compreendem bem mais do que dizem. Um de meus netos demorou em começar a falar. Quando queria algo para tomar ou comer, ia à heladera ou ao armário e assinalava o que queria. Nossa tarefa era perguntar-lhe: "Querés água ou suco?, cereal ou passas de uva? E esperávamos a resposta. Quando compreendíamos, reforçávamos a mensagem verbal e dizíamos: "¡Ah!, O que querés é cereal".

Evite palavras de bebê e a forma de falar deles porque o menino que está aprendendo a falar se pode confundir. Ensine a seus filhos as palavras e nomes corretos para as pessoas, coisas e partes do corpo, inclusive "peito", "pénis" e "vagina". Se seu menino utiliza uma palavra infantil ("pa-pa", por exemplo) pode-se repetir, mas use também a correta e diga "comida".

Façam jogos com as palavras, como "Itsy-Bitsy arranha", e alente a seu filho a realizar os gestos que acompanham e quiçá também a dizer algumas das palavras. Conte os degraus quando sobe uma escada. "As habilidades matemáticas de meus netos gêmeos floresceram muito antes de que pudessem falar em orações porque vivem num terceiro andar.

A qualquer idade que seu filho comece a falar, comunique-lhe que está interessada no que está dizendo, ao repetir e ampliar o que diz e ao pedir-lhe que repita o que disse se não o entendeu.

Faça perguntas que requeiram de uma eleição, como "querés leite ou suco?" ou querés caminhar ou ir em cochecito? Ajude a ampliar o vocabulário de seu filho ao falar-lhe do que se pode fazer com vários objetos e explicando-lhe por que um determinado alimento ajuda a ter um corpo são.

Cante canções, recite rimas infantis e alente a seu filho a completá-las com algumas palavras. Quando leiam um livro juntos, o que deveria ser uma atividade cotidiana, peça-lhe que nome ou descreva os objetos ou que fale sobre o que fazem os personagens.

Evite a frustração verbal. Quando seus filhos tratem de falar-lhe, preste-lhes todo o atendimento possível. E antes de falar-lhes a eles, assegure-se de que estejam atenciosos.