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27oct2009
27oct2009

RELAÇÕES DANINHAS

Palomas

Há pais que são "tóxicos" para seus filhos
Richard Friedman
The New York Times
Nota LANACION
Richard A. Friedman é professor de psiquiatria do Weill Cornell Medical College
Tradução: María Elena Rey


Um se pode divorciar de um cônjuge abusivo e terminar uma relação com um amante que o maltrata, mas se pode fazer se a origem da aflição são os próprios pais?

É verdadeiro que nenhum pai é perfeito e queixar-se dos erros dos progenitores, sejam ou não reais, é praticamente um passatempo que mantém devidamente ocupados aos terapeutas. Mas bem como há pais bastante bons que, misteriosamente, produzem um filho problemático, há pessoas aceitáveis que têm a desgraça de ter pais verdadeiramente "tóxicos".

Recentemente, uma encantadora mulher de uns 60 anos, com depressão, coincidiu ao consultório para pedir conselho sobre como tratar a sua anciã mãe. "Ela foi sempre extremamente abusiva comigo e com meus irmãos –disse-. Uma vez, para meu aniversário me deixou uma mensagem desejando-me que me adoecesse. Pode crê-lo?" Durante anos, a paciente tratou de ter uma relação com sua mãe, mas os encontros eram sempre dolorosos e desconcertantes. Sua mãe seguiu sendo duramente crítica e degradante. Não estava claro se esta estava mentalmente enferma ou se, simplesmente, era malvada, ou ambas costures ao mesmo tempo, mas sem dúvidas a paciente fazia momento que tinha decidido que a única maneira de manejar a situação era evitá-la a toda costa. Agora que sua progenitora se acercava à morte, ela queria realizar um último esforço de reconciliação. "Sento que deveria tentá-lo -disse-, mas sei que ela será malísima." Devia visitá-la e quiçá perdoá-la, ou proteger-se a si mesma e viver com sentimento de culpa, conquanto injustificado?

Uma dura decisão e certamente não era eu quem devia tomá-la.

Mas me fez reflexionar sobre como devemos os terapeutas tratar aos pacientes adultos que têm pais "tóxicos".

O tema tem pouca ou nenhuma presença nos livros de texto ou na literatura psiquiátrica, o que quiçá reflita a noção comum e equivocada de que os adultos, contrariamente aos meninos e os anciãos, não são vulneráveis ao abuso emocional.

Muito com freqüência tendemos a salvar as relações, inclusive aquelas que poderiam ser daninhas para nós. No entanto, é importante avaliar se manter uma relação assim é realmente são e desejável.

Igualmente, assumir que os pais estão predispostos a amar a seus filhos de maneira incondicional não sempre é exato.

Recordação a um paciente de arredor de 25 anos que me conferiu por depressão e muito baixa autoestima. Não levou muito tempo saber a razão. Fazia pouco que tinha confessado a seus pais, devotos crentes, que era homossexual. Eles o repudiaram. Pior ainda, mais tarde, num jantar familiar, o pai lhe disse que tivesse sido melhor do que tivesse morto ele em lugar de seu irmão mais jovem que tinha falecido num acidente automobilístico vários anos antes.

Apesar de sentir-se ferido e enojado, o jovem ainda esperava ser aceitado e me solicitou um encontro com sua mãe e seu pai. A sessão não saiu bem. Os pais fizeram questão de que seu "estilo de vida" era um grave pecado. Quando tentei explicar que o consenso científico era que ele não tinha mais opção com respeito a sua orientação sexual que a que tinha com a cor de seus olhos, permaneceram impasibles. Simplesmente não podiam aceitá-lo tal qual era. Convenci-me de que eram uma ameaça psicológica e que tinha que fazer algo que nunca tinha considerado antes num tratamento.

Na sessão seguinte, sugeri que para seu bem-estar psicológico devia considerar, pelo momento, evitar a relação com seus pais. Senti que era uma medida drástica, como amputar um membro gangrenado para salvar a vida de um paciente. O jovem não poderia escapar de todos os sentimentos e pensamentos negativos que tinha internalizado graças a seus pais. O menos do que podia fazer era protegê-lo do dano psicológico. Mas era mais fácil dizer do que fazer. Aceitou minha sugestão com triste resignação e, apesar de que fez alguns esforços para contatá-los, nunca lhe responderam.

Por suposto, inclusive os pais mais abusivos podem, as vezes, ser afetuosos e, por isso, romper um vínculo deveria ser uma decisão excepcional.

A doutora Judith Lewis Herman, experiente em trauma e professora de psiquiatria clínica da Escola de Medicina de Harvard, afirmou que ela tratava de autorizar a seus pacientes a tomar uma decisão para proteger-se a si mesmos sem brindar-lhes um conselho direto.

"As vezes, dizemos-lhe ao paciente: «Realmente, admiro-o por sua lealdade para seus pais, inclusive a expensas de não se proteger a si mesmo do dano»", manifestou. A esperança é que os pacientes cheguem a ver o custo psicológico de uma relação daninha e que atuem em conseqüência.

Finalmente, o paciente conseguiu uma recuperação, apesar de que a ausência de seus pais em sua vida nunca abandonou seus pensamentos.

Não nos assombra. As investigações sobre vínculos temporões, tanto em humanos como em primates, mostra que estamos muito unidos aos laços afetivos, inclusive àqueles que não são bons para nós.

Também sabemos que, apesar de que um trauma infantil prolongado pode ser "tóxico" para o cérebro, os adultos conservam a habilidade de renovar seus cérebros com novas experiências, incluídas a terapia e a medicação psicotrópica. Por exemplo, o estresse prolongado pode matar células no hipocampo, área cerebral importante para a memória.

A boa notícia é que os adultos podem desenvolver neurônios novos nesta área no curso do desenvolvimento normal. Também os antidepressivos alentam o desenvolvimento de novas células no hipocampo.

Não é exagerado então dizer que ter pais "tóxicos" pode ser daninho para o cérebro de um menino, nem que falar para seus sentimentos. Mas esse dano não necessariamente tem que ficar escrito como numa pedra. Não podemos apagar a história com a terapia, mas podemos ajudar a consertar o cérebro e a mente ao tirar ou reduzir o estresse.

As vezes, ainda que soe drástico, isso significa afastar-se de um pai "tóxico".

1 CA CHORROS:

Ana Martins

Hola Graciela,
este es uno de sus mensajes interesantes y relevantes.

Felicidades!

Besos,
Ana Martins

:)) w-) :-j :D ;) :p :_( :) :( :X =(( :-o :-/ :-* :| :-T :] x( o% b-( :-L @X =)) :-? :-h I-)

Gracias por comentar

 
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