Foto: Huadi
Um estudo revela que muitos não precisam tratamento
Por Fabiola Czubaj Da Redação da NACION
São as cinco da tarde e desde a porta da escola se escuta o timbre que anuncia a hora de saída. Os gritos dos garotos se confundem com os das maestras que pedem silêncio no pátio, enquanto três mães jovens dialogam com uma avó, como pedindo-lhe conselhos sobre um problema comum: como conseguir que os garotos fiquem quietos ainda que seja um minuto e elas não se sentam extravasadas.
"É como se tivessem formigas no corpo...", diz a avó com um sorriso, enquanto se apressa a receber a seu neto de primeiro grau e atender o pedido da maestra: "Leva uma nota no caderno; tenho que falar com os pais. ¡Está insuportável. Não pára de mover-se em classe!"
Cada vez mais pais, extravasados pela conduta hiperativa de seus filhos, chegam às consultas com psicólogos e psicopedagogos em procura de uma terapia que lhes assegure a acalma no lar. No entanto, não sempre se trata de um problema nos garotos.
A ansiedade, o estresse e a angústia dos adultos pode ser uma parte importante do problema.
Um estudo da Fundação Aiglé, uma organização não governamental que se dedica à investigação e a capacitação em saúde mental, demonstra que o 70% dos garotos considerados “insuportáveis” têm um comportamento totalmente normal para a idade e não precisa terapia nem medicação. Num 20% deles, basta alguma orientação aos pais.
“É normal, por exemplo, que um bebe de um ano de vida toque tudo, abra todas as gavetas e se mova porque está em pleno estalido a etapa da exploração em seu desenvolvimento. Mas se isso ocorre num garoto de 12 anos, é uma conduta que justifica a consulta”, pôs como exemplo a doutora em psicologia Edith Vega, coordenadora de atividades docentes da Fundação Aiglé. Para a especialista, é atraente que tenham aumentado as consultas de pais preocupados porque seus filhos, de entre 2 e 4 anos, são difíceis de controlar.
“Por um lado”, disse, “ os garotos são muito sensíveis e reagem à exposição a um meio social mais ameaçante e atemorizante social, mas pelo outro está a dificuldade nos adultos de poder enfrentar essas condutas. É normal que os pais se sentam frustrados e esgotados.”
A psicopedagoga Ivana Corrado, da fundação, coincidiu em que se os pais têm uma inquietude sobre a conduta de um filho, pode ser muito útil conferir com um profissional, mas aclarou enfaticamente que isso não implica que esse garoto tenha que receber psicoterapia ou medicação.
“Em nossa sociedade há uma cultura da psicologización dos problemas, quando em realidade não toda consulta deve terminar numa terapia “, comentou. “Muitas vezes, em lares onde o pai está muito estresado e a mãe passa muitas horas fora de casa, os garotos pedem como podem que se lhes preste mais atendimento.” Quando um garoto pode ser considerado “insuportável” pelos adultos? Segundo a psicologia Paula Preve, da Rede de Profissionais da Fundação Aiglé, o limite é quando em casa ou o sala de aula a pergunta surge naturalmente. “Nesse momento se pode fazer uma consulta e o especialista deverá decifrar a vulnerabilidade biológica do garoto, mas também a vulnerabilidade do grupo familiar ao estresse.”
Como bem o explicou a especialista, não é o mesmo uma escola sem lugar adequado ou suficiente como para que os garotos joguem comodamente no recreio, que uma escola com maiores recursos físicos. Como também não todos os garotos respondem por igual às exigências que se lhes propõem: um pode sentir muita necessidade de mover-se, outro de estar mais calmo, outro perceber mais estímulos do que seus irmãos ou amigos, ou bem precisar que lhe expliquem algo várias vezes. “Tudo isto também deve fazer parte da avaliação”, agregou Preve.
A Fundação Aiglé é uma Organização Não Governamental destinada a promover ações no campo da saúde e a educação tendientes a melhorar a qualidade de vida.Sua atividade está orientada a facilitar o desenvolvimento do conhecimento e o treinamento profissional, particularmente no terreno da saúde mental e os campos associados.
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