O comportamento dos meninos frente aos locais de consumo, mantém aos pais em presos dos desejos de seus filhos.
Como reação contra o autoritarismo em uso, que forçava aos filhos a calar e obedecer, nasce no século XX um modelo de criação que propõe respeito e escuta, espaço e liberdade para que meninos e meninas se desenvolvam e se expressem livremente.
Lic. Irene Loyácono
Psicóloga. Psicoterapeuta. Diretora do Centro de Terapias com Enfoque Familiar- CeTEF
Foto: Ilustração: Eva Mastrogiulio
Faz muitas décadas já que o centro de gravidade da maioria das famílias passa pelos filhos. CHAMAMO-LAS famílias paidocéntricas: as necessidades e preferências dos infantes e adolescentes são priorizadas à hora de decidir o mobiliário, o uso dos espaços hogareños, os horários, os programas de TV, as marcas, as férias, as saídas da família e outros etcéteras. Paralelamente, os berrinches frente ao quiosque, a góndola ou a juguetería são um espetáculo frequente. É um despregue de condutas tiránicas de infantes de muito curta idade que reclamam airadamente a compra de algum objeto ou a provisão de certo cuidado. Com o descenso no poder aquisitivo de muitos lares, fez-se mais notória a quantidade dos "comprame", "llevame", "traeme" que proferem os garotos de toda idade, e aparece a dor e a queixa dos pais, que já não podem prover tão facilmente. Procurando a genealogia desta situação, encontramos que, muitas vezes, os pais nos projetamos nos meninos e pretendemos que, em compensação pelas próprias desventuras, nossos filhos e filhas vivam uma vida mágica, perfeita, ideal, sem sobressaltos nem privações: que sejam o menino sol, a menina despedaça. Que não lhes falte nada, que sejam "felizes". Também a culpa -porque, atarefados, passamos pouco tempo com eles- nos leva a consentí-los em demasía. Há um mal-entendido básico: satisfazer de imediato todos os desejos dos meninos não os fortalece, senão que os debilita, constituindo-os em tiranuelos desagradáveis e infelizes, frente aos quais, finalmente, os adultos nos sentimos pressionados e extravasados. Está bem que o menino desfrute de sua infância, mas está mau que o consiga a costa da esclavización de seus pais. Tenhamos em claro que dar ao filho tudo o que pede não é cuidá-lo, é seduzí-lo. É tê-lo contente para que me queira e me faça sentir bom, poderoso, Rei Mago. Dar-lhe tudo o que pede é, também, calá-lo por um momento, sacar-me de em cima, não me ocupar do que realmente lhe passa. Não se deve pôr piloto automático na criação, ainda que julgar em cada caso se corresponde ou não dar ao menino o que pede é um esforço que não todos os pais estamos dispostos a -ou em condições de- realizar. Mas essa é justamente a função parental: pensar no bem dessa personita e resolver desde a perspectiva de seu crescimento. Nesse sentido, também seria bom que voltássemos a ensinar a nossos filhos e filhas o agradecimento, que leva a valorizar o recebido e à reciprocidade. Sem agradecimento fica invisibilizado o esforço e a bondade dos pais para abastecê-los de coisas e de cuidados. Isto também não é bom. É claro que o não dos pais limita, frustra, impede, mas... quem disse que estas experiências não são também necessárias para um bom desenvolvimento? Dado que não vivemos num mundo que oferece a satisfação com só esticar a mão e pedí-la, brindar ao menino e à menina a possibilidade de aprender a tolerar frustrações adequadas a sua idade, ter a experiência do prêmio conseguido com esforço e desenvolver a capacidade de espera frente às inevitáveis demoras cotidianas, é provê-los de tesouros e talismãs que farão sua vida mais vivible. |
2 CA CHORROS:
Graciela,
excelente post que pode até tornar-se numa boa ajuda para pais que sintam precisar dela.
P A R A B É N S !
Beijinhos,
Ana Martins
Amiga vamos precisá-lo todos se os meninos e adolescentes continuam no mundo do consumismo, claro que somos nós os que os introduzimos em semelhante viagem...beijinhos tesouro!!!
Gracias por comentar