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O MURO

Palomas

Enfrentar-nos a dia de hoje aos abusos sexuais infantis supõe enfrentar-se a um muro de dificuldades e obstáculos que se iniciam com o próprio afetado. Assim é; a maioria das pessoas que foram vítimas de ASI acostumam a guardar este terrível segredo.
Por Joan Montané de NO SE LO DIGAS A NADIE


Conhecendo a realidade desta marca pouco se pode reprochar a quem assim atuam. Mas que não seja reprochable não significa que seja a atitude mais acertada. Ao invés. Também cabe assinalar que a solução do problema não aparecerá no momento que desvelemos o segredo. No entanto é o único caminho.

Uma vez dado este passo se nos apresenta outro muro que com freqüência nos situa numa posição revictimizante ou, no melhor dos casos, envolvida de uma ambigüidade que de bem pouco nos serve. Este muro que constitui a família costuma ser mais ou menos doloroso e repleto de incompreensão segundo se tenham produzido os abusos na própria família ou fora do meio familiar. Sabemos que a maioria dos abusos se perpetram por algum familiar, pelo que este costuma converter-se num escolho que poucos conseguem superar.

Se seguimos adiante nos encontraremos com que a resposta da sociedade, devido ao desconhecimento e à incomodidade que produz falar destes temas, não é a adequada e está pouco receptiva como para provocar um estado de opinião bem fundamentado e que possa exercer a suficiente força para derrubar nenhum muro.

Fazendo parte do espectro social está o status religioso, sobretudo o católico, cuja função neste assunto, longe de embandeirar algum tipo de movimento tendente a denunciar, condenar e erradicar este grave problema, no mínimo em seu próprio seio, o que fez foi silenciá-lo e encobrí-lo. Considero que é algo particularmente doloroso para quem tinham depositado sua fé na igreja e seus representantes. E se tomaram partido nos últimos tempos só foi devido à pressão dos fatos consumados que já estavam ao alcance de todos. Absolutamente deplorável, começando por quem hoje está à cabeça desta instituição: Joseph Ratzinger.

A outro nível, quiçá o mais descorazonador e desesperante, enfrentamo-nos, e nunca melhor dito, com os organismos encarregados de avaliar e opinar os casos de ASI. Seria lógico pensar que aí poderíamos encontrar a nossos melhores aliados, aos grupos de experientes capacitados e sensibilizados que saberão averiguar o que sucedeu com o menor. Pois não. Nada disso. Por demencial que pareça o que direi a seguir, estes personagens dos que não direi nomes (tudo chegará) não procuram nem analisam provas para detectar um abuso, senão que fazem tudo o possível para demonstrar? que o abuso não se produziu. Só quando as evidências são tão flagrantes que já não há por onde pegá-lo, só então se concede que possa ter existido um possível abuso.

Em última instância, os poucos que chegam, têm que se enfrentar com o status jurídico, no qual também não vão encontrar nenhuma facilidade. Em mais de uma ocasião nos escandalizamos por sentenças que não parecem ter o menor sentido. Verdade é que os prejuízos e o próprio desconhecimento do assunto de quem tem de emitir juízo não jogam a favor do denunciante, mas se consideramos tudo o anterior vemos que todo o assunto já está pervertido e manipulado desde o primeiro momento, pelo que é difícil que a resolução do caso seja favorável aos interesses do menor abusado.

Em definitiva, quando nos perguntamos que está mal no caso que nos ocupa, a resposta é muito simples: tudo.

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