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ESSES SELVAGENS QUE TANTO AMAMOS

Palomas

Os meninos correm por todo o lugar gritando, rindo a gargalhadas, jogando a que são karatecas cinto negro, ninjas assassinos, émulos de Harry Potter ou românticos vampiros adolescentes; suas idades vão desde os três meses -chorando desde seus cochecitos- aos doze anos; a alegria os extravasa, o gozo é evidente e a vitalidade que ostentam é mostra de saúde física e boa alimentação.
Por: Enrique Pinti
Imagen: Google


Tudo seria perfeito se esta cena de júbilo infanto-juvenil se desenvolvesse num campo de jogos, numa vaga ou num pátio escolar em horas de recreio, mas quando este "quadro coreográfico" tem lugar num restaurante aberto ao público e está acompanhado de vários desentonadísimos "¡Que os cumpras feliz, que os cumpras feliz!". O caos pode igualar-se a alguns dos círculos do inferno que tão bem descreveu o Dante naquele longínquo renascimento florentino.

E aí é onde se comprovam várias coisas, não muito agradáveis que digamos. A primeira é que um está envelhecendo e a tolerância vai baixando ostensivelmente, a segunda é que, criado em outra geração muito mas muito longínqua no tempo, é incapaz de entender que os tempos mudam, que é lógico, natural e benéfico que isso ocorra e a terça é perguntar-se por que irritam tanto essas explosões de alegria que não matam a ninguém.

Essas são as possíveis "culpas" de nossa parte, mas como há que ser justos e o mais ecuánimes possível, também podemos analisar esse egoísmo, essa falta de consideração e esse crer que um é o umbigo do mundo e os demais... que se embromen. Podemos criticar essa criação que faz ao menino rei da criação, sem limites a nenhum de seus arrebatos, berrinches e caprichitos, e com esse absurdo temor de parecer repressores. Mas, como dizem as velhas chismosas de bairro,"como te digo uma coisa, digo-te a outra".

Quem escreve presenciou uma cena complicada num aeroporto. Dois casais jovens reprendían a seus filhos à entrada do avião e em presença de muitos passageiros de uma maneira que deixava à repressiva educação victoriana à altura de um poroto. Sim, parece aquela educação que impunha castigos físicos as vezes terríveis e sempre humilhantes, além de epítetos irreproducibles que esses jovens descarregaram sobre uns meninos que não excediam os oito anos. Por travessos e inquietos que fossem -e o eram, dou fé- não mereciam o insulto, o zamarreo, as ameaças, nem, sobretudo, uma frase que dita por uma mãe sim pode fazer sofrer por demais a uma criatura. A frase foi: "¡A mim não me hablés mais em tua vida! entendés? ¡nunca mais!" . Eu sei que isso se diz por nervos, por hartazgo, e numa situação de estresse como pode ser a de preparar-se para uma viagem de cinco horas onde esses "selvagens" terão que estar no interior claustrofóbico de um avião em classe turista; mas esse ônus de violência, essa catarata de insultos evidencian debilidade e não força. Os garotos -à longa- se dão conta e à dor e a incompreensão da primeira vez, segue-lhe o hartazgo. E deixam de acreditar em essas iras geralmente tardias e sobreactuadas em demasía, perdem o respeito a seus pais como pessoas, e o remédio é pior que a doença. E é que uma das tarefas mais difíceis dos seres humanos é educar, conduzir e guiar a seus filhos pelo azaroso caminho da vida.

O ¡Viva a pepa! não serve; a surra, também não; o insulto, menos. O exemplo é o único que salva qualquer sermão didático. Se nossos filhos nos vêem respeitar, serão respeitosos; se nos vêem consentir indiferentes a todos seus desejos, crerão que o mundo é campo de orégano e reagirão com imaturidade, ressentimento e violência aos golpes ao ego que a vida lhes dará com a mesma contundência que a tudo mortal. E como tudo não passa pelo material, será em vão pôr os olhos em alvo e clamar ao céu com a mesma imprecación de todas as gerações dizendo "¡mas se eu lhes dou tudo o que precisam, se não lhes falta nada... por que são tão tremendos?"

A resposta é muito difícil de achar, mas em sua busca radica o desafio mesmo de educar. Pais, tios, avôs ou mestres, quem se encarregue da delicada missão de pôr limites sem violência mas com firmeza sentirá a melhor das sensações se o consegue.

É difícil, mas não impossível.




Os meninos crêem tudo o que lhe dizes, o maltrato verbal é violência


1 CA CHORROS:

Unknown

Escelente post Graciela, muy importante, una cuestión que merece ser presentado y discutido.

Besos,
Ana Martins

:)) w-) :-j :D ;) :p :_( :) :( :X =(( :-o :-/ :-* :| :-T :] x( o% b-( :-L @X =)) :-? :-h I-)

Gracias por comentar

 
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