ENCHASTRAR PAREDES E SAIR CORRENDO

ESTE ARTIGO PERTENCE A JMIUR DE VAGABUNDIA.BOLSA NEGRA NET, é o mais atinado do que li nestes tempos. Compartilho todo o conteúdo, resguardar-nos sob o 'ANONIMATO' que nos dá Internet, os Bloggs, Webs ou como lhes chamemos, para maltratar-nos, crer-nos donos da verdade absoluta…não me deixo levar pela maré, não aceito que me imponham condições tão só para obter comentários, defenestrando a uns ou a outros.

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As vezes, pareceria que, quando se trata de blogs, o conceito da liberdade está um pouco tergiversado. Uma coisa é que eu aceite, admita ou defenda a liberdade de qualquer, de fazer de seu próprio espaço o lugar que queira e outra coisa é que eu permita que aquilo que não me agrada, translade-se ao meu. É tão elementar como isso de que cada lar é um mundo … mas o meu é meu. É que em tua casa podes fazer o que queiras mas não na minha. Isso se chama cortesia. Há regras para ser bom anfitrião mas também as há para ser um bom huesped. Ambas, vão da mão. Pôr esses limites não significa coartar a liberdade de ninguém porque não creio que ninguém possa ser feliz fazendo infelizes a outros a não ser que seja alguma espécie de psicótico. Respeitar e ser respeitado, as regras são muito singelas. Quando me deixo de sentir cômodo em certo lugar porque não me agradam suas regras, o que devo fazer é ir-me assobiando baixinho e a outra coisa. O mesmo passa se o que vejo não é de meu agrado ou se não cobre minhas expectativas Que vou fazer? Dizer-lhe ao outro que isso não me agrada? A quem lhe pode importar? Que contribuo? Que mudará? Talvez devo ser o juiz de tudo? Talvez os outros devem dar-me explicações? Seria melhor utilizar o velho critério e calar-se a não ser que se tenha algo bom do que dizer. Ser sincero não isto é sempre o que um pensa, sobretudo, quando ninguém nos perguntou nossa opinião. Um blog, as vezes parece ser o receptáculo perfeito para que qualquer, sem vir a conto, diga o que opina do que fizemos. E não se trata de dissentir com uma opinião, formular uma contra-proposta ou inclusive, discutir. Trata-se de gritar (geralmente com maiúsculas e má ortografia) isto é um asco, aquilo é uma porcaria. Pergunto eu isso é uma opinião? A meu me soa a exabrupto, a necessidade de fazer-se notar, a berrinche de menino que quer atendimento. Pois o lamento, mas num jogo, as regras são as mesmas para todos. Se um “convidado” não atua como me parece que deve fazê-lo (e isto é subjetivo) deveria pedir-lhe que se retire e pronto. Sem ofensas, sem dramas, sem censura mas … Internet é como a vida e ainda pior. Tem um elemento essencial que o faz diferente à hora de avaliar comportamentos: o anonimato. O anonimato que não é só o texto “Anônimo” num comentário, é o anonimato real de um nome que não é verificable, de uma foto que não sabemos a quem pertence, nicks, avatares, biografias; tudo é duvidoso. Ninguém sabe se quem está por trás de um texto é um homem, uma mulher, um menino, um adulto, uma loira guru, um cachorro ou um ser extraterreno. Não há maneira de comprová-lo. Este sou eu ou sou outro? Quanto meço? Quanto peso? Que comidas me agradam? Qualquer resposta é possível. A máscara que nos provê a web é um arma de duplo fio. Por um lado, permite-nos reinventar-nos a nós mesmos e despojar-nos de timidezes, traumas e medos. Pelo outro, parece habilitar a que alguns saquem o pior de se. Atirem a pedra e escondam a mão. Toquem um timbre e saiam correndo, rindo-se da travesura que não é outra coisa mais do que um ato estúpido, sem sentido, sem valor nenhum. A máscara provoca a embriaguez, aguça os sentidos, destraba a língua (ou os dedos) mas nos enfrenta ao risco de sentir-nos omnipotentes. Talvez andamos pela vida escrevendo nas paredes “isto não me agrada e aquilo também não”? A web parece alucinar a mais de um e tende a fazer-lhes crer que isso está bem, que a liberdade é isso: enchastrar paredes e sair correndo.