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FILHOS DO CORAÇÃO

Palomas
Por momentos os pais adotivos pensam que lhes dizendo a seus filhos de curta idade que são adotados, lhes provocarão uma grande dor e frustração. Em verdade, os problemas aumentam à medida que a revelação se atrasa. Por outra parte, é uma utopia pensar que se se omite esta informação o pequeno não acabará inteirando-se. Que o menino se inteire por outra pessoa de que seus pais não são seus pais biológicos, pode criar um círculo de desconfiança, chegando inclusive a pensar que o amor e o carinho que recebeu até o momento faz parte da mentira que tem estado vivendo. Quando o menino começa a perguntar de onde vem ou quem lhe trouxe ao mundo, se lhe deve contestar com toda naturalidade (coisa que pode resultar algo difícil) e dizer a verdade. Quanto menor seja o menino, melhor interiorizará este sentimento e mais se familiarizará com a palavra adoção.
Conto da Lic. Dora Kweller - Argentina

Lucas um menino adotivo
Era uma tardecita de inverno, fazia muuucho frio e chovia furiosamente. O vento soprava, soprava e soprava... Sentados ao lado da chaminé, os meninos, María, Javier e Teresa comiam com prazer os bizcochitos calentitos que lhes ofereceu sua avó.
Teresa... coqueta, movendo a cabeça e arrumando-se suas trancinhas, perguntou: -Abu, e Lucas... Por que não veio hoje? -Está enfermito - contestou a avó. - Mas igual o temos conosco... -E onde está? - perguntaram os garotos, assombrados, olhando a seu arredor.
-Aqui, junto a meu coração...
- e com um movimento rápido descobriu uma carta que tinha oculta dentro de sua blusa, e a voltou a guardar junto a seu peito. Os garotos estavam tão intrigados, que começaram a gritar:
-¡Dá-lhe, abu, leela, leela!
A avó, misteriosa e inquieta, respondeu: -Não sejam impacientes... vamos ler a cartita mais tarde.
Javier e Teresa assentiram com a cabeça, mas María, a mais chiquita, caprichosa e enojada, exclamou: -Então... ¡¡queremos que nos contes um conto... agora mesmo!!!
A avó, aliviada, afirmou:
-Me encanta contar-lhes contos quando chove... Estão preparados?
-¡Síiii!
- responderam os garotos.
-Bueno... ¡Escutem-me com cinco orelhas e olhem-me com vinte olhos..! Como todas as quintas-feiras, hoje vou contar-lhes um conto... Mas nesta história não vai ter nem duendes, nem bruxas, nem princesas... Hoje vou contar-lhes um conto real... um conto-secreto...
– murmurou despacito
Com doçura, a avó convidou a María, sua neta menor, a sentar-se em seu regaço, e depois de um laaaargo e misterioso silêncio, que aos garotos lhes pareceu rarísimo, começou seu relato:
Recordam quando María ainda estava na pancita de mamãe...? Era um dia como o de hoje : muuuy chuvoso e frio. Pela noite nos reunimos todos na casa do Tio Pepe e a Tia Luly para conhecer ao novo primito... E ali estava ele: Lucas, um precioso bebê, chiquitiiito, flaquito, sonrosado e llorón, em braços da tia Luly, tomando sua mamadera como um grande comilão. O tio Pepe -calladito como sempre- o olhava embelesado, e a tia Luly luzia orgulhosa e oronda, como uma rainha feliz. Estavam tão contentes... ¡Por fim se tinham reunido com seu hijito...!
Si! Que fizemos?!
-Ao vê-lo a Lucas bebê, correram rapidito a acariciar a pancita gorda de sua mamãe. E ali adentro estavas vos, María, dando pataditas, como dizendo : "¡Aqui estou, já cresci, já quero sair, para jogar com meus irmãos e meu primito!"
-Avó, e por que eu dava pataditas? - perguntou María, muito preocupada.
-A meu mami não lhe doía? A avó, divertida, respondeu:
-Assim se diz quando se movem os bebês na pancita de suas mamães, parecem pataditas porque a pancita se põe dura, e se a tocamos, damo-nos conta que adentro há um bebê... As vezes até podemos tocar seu cabecita..
¡¡Basta, mocosa..!! ¡¡Não interrompas à avó!!- disse Javier a María, enojado, e lhe pediu a sua avó que por favor seguisse contando.
A avó sorridente seguiu com seu relato: -Teus irmãos, acariciaram a pancita de sua mamãe como para saudar-te, e te disseram "Oi, María, como estás?" e depois se acercaram timidamente a tocar a pancita da tia Luly, e sem dizer uma palavra, beijaram a cabecita de Lucas e foram jogar...
Nesse momento, não quiseram perguntar nada, quiçá porque eram muito chiquitos; mas se deram conta que tinha algo muito importante que queriam saber... De onde veio Lucas..? Os garotos ficaram emudecidos; Tere olhou a seu irmão mas nenhum se atreveu a dizer nem mú, até que Javier, o maior e o mais valente, confessou:
-Faz muito tempo que me dei conta de que Lucas não saiu da pancita da tia Luly. Por que, abu?
- A avó, inquieta, respondeu:
-Há parelhas como seus papais, que tiveram a sorte de poder concebê-los; por essa razão, vocês estiveram adentro da pancita de mamãe. Mas há parelhas como a tia Luly e o tio Pepe, que não podem ter bebês porque têm algum problemita para procrearlos. María perguntou com tristeza:
-E os doutores não podem curá-los?
-As vezes sim e as vezes não... A tua tia Luly e a teu tio Pepe não os puderam curar, por isso decidiram adotar um bebê.
-Então... de que pancita saiu Lucas? -perguntou Teresa surpresa.
-De uma senhora que foi para ele como uma pancita nidito. Só o pôde cuidar enquanto esteve adentro, para que pudesse crescer e por fim nascer. Quando nasceu, se o deu à tia Luly e ao tio Pepe para que se convertessem em seus papais adotivos.
-E os papais adotivos... São papais para sempre? - perguntou María.
-¡Claro! Todos os papais são iguais, amam, cuidam e protegem a seus filhos durante toda a vida. Os garotos ficaram emudecidos.
A avó os olhava comovida e rompendo o longo silêncio, murmurou: -Que lhes parece se lemos agora a cartita que nos escreveu Lucas...?
-¡Sim, abu! - contestou María apressada. -Dá-lhe, avó, apurate, ¡queremos saber! - agregou Tere.
A avó sacou a carta e depois de um ratito –que pareceu uma eternidade- começou a ler pausadamente...
"Abu, hoje estou enfermito, e mami não quer levar-me a tua casa porque diz que não posso tomar frio. Mas igual eu quero estar ali com vocês, por isso te escrevo esta carta para que se a leias a minhas primitos, porque Javier... sempre me pergunta, quando se enoja comigo, ...de que pancita saíste?, e as vezes eu me ponho triste... mas agora estou contente. Abu, conto-te que estou muito orgulhoso de ser o filho de Luly e Pepe, porque ao final não é tão importante ter nascido da pancita de mamãe ou da pancita de outra senhora. É formoso que meus papis e eu nos tenhamos encontrado. Mami as vezes me conta que há muitos meninos que estão solitos e muitos papis que sentem que em seu coração defeituosa algo se não têm um hijito... Por isso a nós, nossos papis costumam chamar-nos: "Hijitos do coração". Também me contou que no mundo há muitos meninos como eu. Superman foi o filho adotivo de outros papais no planeta Terra, e, bem como ele, muuuchas pessoas. Mami também me diz que, ainda que ela tivesse podido ter meninos da pancita, igual me tivesse adotado, porque eu sou para ela como um presente de Deus. E é como vos dizeis, Abu, o lindo é que sou como sou, que estou vivo, que posso jogar, querer a meus papis, a meus abuelitos, a meus tios e primitos. E que eles me querem. Não importa de que semillita venho, senão quem sou... Um besote para meu Abu e um dibujito para meus primitos. Lucas."
A avó apoiou a carta sobre seu peito, comovida, e com lágrimas nos olhos observava a seus três nietitos, sem poder emitir nem uma só palavra. Os garotos surpresos se olhavam entre si sem saber que fazer. María, mimosa, se acurrucó outra vez sobre sua saia. Teresa se acercou a Javier que, tão "investigador" e ansioso como sempre, propondo-se distrair a sua avó para evitar que chorasse, perguntou: -Então não é feio ser adotivo, não, abu?- A avó não pôde senão sorrir ante a carita de alívio de Javier, que tinha escutado o relato com preocupação.
-Não, claro que não. -E também não é triste?
-Ao invés... encontrar uma mamãe e um papai é o mais maravilhoso do mundo, não te parece? Teresa, interessada, perguntou: -Abu, que é isso da semillita?-
A avó, com um sorriso picarona, abraçou-os forte aos três. E beijando-lhes seus colorados bofetadas, exclamou:
-Bueno... já é muito tarde, já vai vir mamãe a procurá-los, e têm que fazer os deveres para manhã... E isso da semillita... disse a avó, misteriosa- se os conto a próxima quinta-feira, quando meus quatro netos vingam a tomar o chá... e a comer meus bizcochitos... e a escutar... que..?- perguntou a avó com picardia, fazendo-lhes cócegas.
-¡¡Teus contos!!- responderam os três ao uníssono, e correram a fazer os deveres, rindo-se a gargalhadas.

2 CA CHORROS:

Fernando Santos (Chana)

Olá amiga Graciela, linda história...Espectacular....
Um abraço muito forte

Unknown

Fernando me alegro te tenha agradado!!!, é uma bela história para contar aos meninos que são filhos do coração...BEIJINHOS!!!

:)) w-) :-j :D ;) :p :_( :) :( :X =(( :-o :-/ :-* :| :-T :] x( o% b-( :-L @X =)) :-? :-h I-)

Gracias por comentar

 
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