A fibromialgia se diagnostica tarde

É o que revela uma enquete em 8 países

Quem padecem fibromialgia demoram entre 2 e 3 anos em ser diagnosticados, tempo no que visitam de dois a quatro médicos que não conseguem reconhecer nem aliviar os sintomas (dor crônica, fadiga, transtornos do sonho e sensibilidade ao tato). Estima-se que a fibromialgia aqueja a entre o 2 e o 3% dos adultos, e que afeta seriamente a qualidade de vida.

Isso é o que revelou uma enquete sobre 800 pacientes e 1622 médicos de Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Holanda, México e Coréia do Sul, cujos resultados foram apresentado no 29° Congresso Mundial de Medicina Interna, que conclui amanhã nesta cidade.

"Na Argentina passa exatamente o mesmo que nos países estudados -disse à NACION o doutor Roberto Reussi, presidente do congresso-. O problema é que a fibromialgia não conta com um método de diagnóstico de laboratório que lhe permita ao médico confirmar a doença."

A enquete mostrou que o 66% dos médicos gerais e o 50% dos especialistas reconheceram que a fibromialgia é difícil de diagnosticar.


O diagnóstico, agregou o doutor Osvaldo Messina, chefe do Departamento de Reumatología do hospital Argerich, "depende da revisão clínica, do relato do paciente e do exame dos pontos dolorosos, porque tudo o demais é normal. Com freqüência, as pessoas chegam a nosso consultório com uma bolsa repleta de estudos com resultados normais. O paciente sempre pensa que os médicos minimizam o diagnóstico, que não lhe crêem".
É que, as vezes, os médicos não lhe crêem ao paciente...
"Muitos médicos duvidaram a respeito de se a fibromialgia é realmente uma síndrome -comentou o professor Anthony Dickenson, do Departamento de Farmacologia do University College de Londres, Inglaterra-. Mas hoje sabemos, graças a estudos de neuroimágenes, que os pacientes têm uma resposta anormal à dor."

As causas do transtorno, no entanto, seguem sem conhecer-se.
"Uma hipótese é que, nestes pacientes, o cérebro atua em forma anormal, sensibilizando à medula espinhal aos possíveis eventos sensoriais -comentou Dickenson, que ontem disertó sobre o tema no citado congresso-. Daí que as drogas que demonstraram ser efetivas para a fibromialgia sejam a pregabalina e alguns antidepressivos que atuam sobre os neurotransmissores."