
Talvez a velocidade e eficácia de novas tecnologias nos acostumaram a conseguir resultados ótimos em mal segundos. E com isso nosso desafio deixou de ser cada modesto problema para concentrar-nos no único grande objetivo de conseguí-lo tudo. Não é que antes não se tivesse o anseio ou a ambição de atingir a cume, mas si tinha mais espaço para deleitar-se com a ascensão de cada passo. Como se em outros tempos a lógica do sucesso, tanto pessoal como profissional, tivesse-se movido por escadas e hoje o fizesse à velocidade de um elevador ultrainteligente. Já não há degraus, só um andar ao final.
Por TERESA BATALLANEZ
Imágen M. C. Escher
E se conseguem coisas incríveis -como empresários exitosos aos 18, a casa sonhada aos 30, o mundo inteiro percurso aos 40-; mas a aceleração no modo de viver a vida tem um custo altíssimo que hoje se patentiza em centos de rostos tristes que deambulam abrumados por um fenômeno ao que nomeiam com o eufemismo de pressa cotidiana. Tantos lucros e ninguém está contente? Desde já, não se trata da realidade de todos, mas sim de uma tendência notável na classe profissional urbana. Muitas dessas caras tristes têm problemas para dormir. São as mesmas que acumulam pilhas de diplomas que já não emolduram -para que se total hoje todos os têm-, que vivem em casas com jardins aos que mal assomam porque não há tempo para descansar e têm filhos que mal conhecem de tanto investir em pos de um futuro que não dá tempo para hoje. No entanto quem olha não vê mais do que um brilho invejável... carreira, auto, casa, família, juventude, beleza. Têm-no tudo e tão rápido, de que poderiam queixar-se? Mas suas gavetas atiborrados de ansiolíticos delatam mal uma parte da greta. Carcome a sensação de que nada atinge, nada cheia, sempre falta mais. O muito que se tem não conta, é muito pouco comparado com tudo o dos demais. Obseda conseguir isso que não se tem e que, incrivelmente, nem se sabe que é mas há que o ter já. Então predomina uma frustração constante que converte a vida num correr permanente em procura desse não sê que; um correr como de um garoto desesperado que foge e tem vontade de chorar. ¡Mas isso nunca! Em mudança, franze-se o cenho, põe-se distância, afoga-se na incomunicação e já quase nem se levanta a mirada da tela por temor a que outro possa descobrir a tão vergonzante vulnerabilidade. Perdeu-se a capacidade de percorrer alegremente caminhos e de desfrutar em seu trânsito os cheiros, as vistas, as surpresas e inclusive a satisfação de remover pedras para poder liberar o passo. Hoje a chegada desvela, oprime e no meio não há riqueza alguma capaz de deter a marcha. A mirada se orienta só a resultados, o mandato é não deixar de produzir. O caminho há que o passar rápido e com anestesia para evitar qualquer sofrimento. Mas quando se atinge a meta nem sequer há reflexos de felicidade, só uma careta exterior de autoestima que convive com o eco interior de inumeráveis risos perdidas na viagem. Muitos hoje têm a sorte -ou a desgraça- de obter o que querem em forma quase imediata. Os garotos já não esperam a Papai Noel para conseguir o presente sonhado porque basta um suspiro ou um cozido para comover a uma geração de pais culposos. Pais que ao mesmo tempo que dão esse presente, tiram-lhes a seus filhos a possibilidade do sonho. E já desde garotos a capacidade de espera com todas suas virtudes perde terreno num mundo "a mil". Também não há lugar para a oração e o cepticismo já não atinge unicamente a Deus senão ao próprio homem; a fé moderna parece reduzir-se a uma caixa de tabletes mágicos. O talento brota como nunca, mas a ansiedade devora o prazer de estar vivos e o único sonho possível é químico. ¡É hora de levantar-se! E de entregar-se aos afetos para celebrar a vida e compartilhar o são sofrimento do mundo real. |
1 CA CHORROS:
Se nota que yo no voy a mil, a los 18 seguia estudiando y todo lo demás vino más despacio. Pero es cierto que parece que tenemos siempre demasiada prisa por llegar el problema que se plantea es ¿a dónde?. Mis sueños no eran los mismos con 18, ahora quiero y necesito más tiempo de ocio para disfrutar de mi familia.
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