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26nov2009
26nov2009

VIOLÊNCIA FAMILIAR

Palomas

A violência familiar é delito, não doença. Existe uma crença errada, ainda em boa parte dos profissionais, que tende a tirar responsabilidade ao golpeador por considerá-lo vítima de certas patologias.
"Elogio da mulher Brava" por Héctor Abad
A imagem pertence a Isabel Filipe de → ART & DESING


Estas novas mulheres, se um consegue amarrar e pôr sob controle ao burro machista que levamos dentro, são as melhores casais. AOS homens machistas, que somos como o 96 por cento da população masculina, molestam-nos as mulheres de caráter áspero, no duro, decidido. Temos palavras denigrantes para designá-las: arpías, bruxas, velhas, traumadas, solteronas, amarguradas, marimachos...

Em realidade, temos-lhes medo e não vemos a hora de fazer-lhes pagar muito caro seu desafio ao poder masculino que até faz pouco tínhamos detentado sem questionamentos. A esses machistas incorregibles que somos, machistas ancestrais por cultura e por herança, molestam-nos instintivamente essas feras que em vez de submeter-se a nossa vontade, atacam e se defendem.

A fêmea com a que sonhamos, um sonho moldado por séculos de prepotência e por genes de bestas (ainda infrahumanos), consiste num casal jovem e manso, doce e submissa, sempre com um sorriso de condescendência na boca.

Uma mulher bonita que não discuta, que seja simpática e diga frases amáveis, que jamais reclame, que abra a boca somente para ser correta, elogiar nossos atos e celebrar-nos bobadas. Que use as mãos para a carícia, para ter a casa impecável, fazer bons pratos, servir bem os tragos e acomodar as flores em vasos.

Este ideal, que as revistas de moda nos confirmam, pode identificar-se com uma espécie de modelito das que saem por televisão, ao final dos noticieros, sempre a um milímetro de ficar em bola, com curvas incríveis (te mandam beijos e abraços, ainda que não te conheçam), sempre a tua inteira disposição, em aparência como se nos dissessem "não mais você me avisa e eu lhe abro as pernas", sempre como dispostas a um vertiginoso desafogo de líquidos seminales, entre gritos ridículos do homem (não delas, que requerem mais tempo e ficam a médias).

AOS machistas jovens e velhos nos põem em xeque estas novas mulheres, as mulheres para valer, as que não se submetem e protestam e por isso seguimos sonhando, mais bem, com jovenzinhas perfeitas que o dêem fácil e não ponham problema.

Porque estas mulheres novas exigem, pedem, dão, metem-se, xingam, contradizem, falam e só se despem se lhes dá a vontade. Estas mulheres novas não se deixam dar ordens, nem podemos deixá-las plantadas, ou tiragens, ou encostadas, em silêncio e de ser possível em papéis subordinados e em postos subalternos. As mulheres novas estudam mais, sabem mais, têm mais disciplina, mais iniciativa e quiçá por isso mesmo lhes fica mais difícil conseguir casal, pois todos os machistas lhes tememos.

Mas estas novas mulheres, se um consegue amarrar e pôr sob controle ao burro machista que levamos dentro, são as melhores casais. Nem sequer temos que as manter, pois elas não o permitiriam porque sabem que esse foi sempre a origem de nosso domínio. Elas já não se deixam manter, que é outra maneira de comprá-las, porque sabem que aí -e na força bruta- radicou o poder de nós os machos durante milênios.

Se as chegamos a conhecer, se conseguimos suportar que nos corrijam, que nos refutem as idéias, assinalem-nos os erros que não queremos ver e nos desinflen a vaidade a ponta de alfinetes, nos daremos conta de que essa nova paridade é agradável, porque volta possível uma relação entre iguais, na que ninguém manda nem é mandado.

Como trabalham tanto como nós (ou mais) então elas também se declaram fartas pela noite e de mau humor, e o mais grave, sem vontades de cozinhar. Ao princípio nos dará raiva, já não as veremos tão boas e abnegadas como nossas santas mães, mas são melhores, precisamente porque são menos santas (as santas santifican) e têm todo o direito de não o ser.

Envelhecem, como nós, e já não têm pele nem seios de veinteañeras (olhemo-nos o peito também nós e os pés, as bochechas, os pouquissimos cabelos), os hormônios lhes dão ciclos de euforia e mau gênio, mas são sábias para viver e para amar e se alguma vez na vida se precisa um conselho sensato (se precisa sempre, a diário), ou uma estratégia útil no trabalho, ou uma manobra acertada para ser mais felizes, elas to darão, não as peladitas de pele e tetas perfeitas, ainda que estas sejam a delícia com a que sonhamos, um sonho que quando se realiza já nem sabemos que fazer com tudo isso.

Os varões machistas, somos animalitos ainda e é inútil pedir que deixemos de olhar às muchachitas perfeitas. Os olhos se nos vão depois delas, depois das curvas, porque levamos por dentro um programa tozudo que para lá nos impulsiona, como autômatas.

Mas se conseguimos usar também essa herança recente, o córtex cerebral, se somos mais sensatos e racionais, se nos voltamos mais humanos e menos primitivos, nos daremos conta de que essas mulheres novas, essas mulheres bravas que exigem, trabalham, produzem, enchem o saco e protestam, são as mais desafiantes e por isso mesmo as mais estimulantes, as mais entretidas, as únicas com quem se pode estabelecer uma relação duradoura, porque está baseada em algo mais do que em abracitos e beijos, ou em coitos precipitados seguidos de tristeza: dão-nos idéias, amizade, paixões e curiosidade pelo que vale a pena, sede de vida longa e de conhecimento.

ELE DIZ
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Sobre o tema Ivana disse → 25 DE NOVIEMBRE

Assim o escreveu Ana...

Ya no me asusta tu mirada
Con sabor a guerra
Y tus manos violentas
Ya no visten
Mi rostro amedrentado...

Hoy tengo la fuerza
Que proviene de la tierra,
No guardo ni alimento
Negruras del pasado...

Hoy estoy aquí
Para decirte que fuiste
Mi mayor error,
El peor engaño,

Rasgué en mi diario
Las páginas con gusto
del dolor incendiaría
Del loco y del profano!

Ya no hay en la historia
Que un día yo viví
La cavilosa y malvada ingloria
Que me unía a ti...

Rasgué al sabor del viento
Las prosas de cautiverio
Y hoy digo sin tormento
No fuiste amor certero!...

Aqui o lês em português → BASTA

A mirada de MyrVIOLENCIA INTRAFAMILIAR

Depois da violência familiar, guardam-se vítimas invisíveis: os filhos e filhas, que subsistem nas sombras quando papai maltrata a mamãe.

Um homem que maltrata a sua mulher, ensina à violência
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